Por que especulam que o Oumuamua seria uma nave alienígena?

ricardo102030 31/01/2021 Relatar Quero comentar

Em 2017, astrônomos observaram um objeto inédito, que veio de fora do nosso Sistema Solar, batizado de 1I/ʻOumuamua — ou apenas Oumuamua para simplificar. Acompanhamos, tão surpresos quanto os próprios cientistas, algumas propostas sobre a origem e a natureza do objeto. Um desses cientistas é Avi Loeb, professor na Universidade de Harvard que acabou se destacando por apresentar uma hipótese pouco convencional: a de que o visitante interestelar , uma nave alienígena.

Agora, quase quatro anos após a descoberta do Oumuamua, Loeb e sua a afirmação de que o objeto seria uma nave alienígena voltaram a ser assunto na mídia e na comunidade científica. Mas não é sobre isso que falaremos, e sim de por que essa hipótese não é tão bem aceita entre outros cientistas que trabalharam em pesquisas sobre o tema.

O 1I/ʻOumuamua intrigou os astrônomos desde o início. Ele tem formato pontiagudo, alongado, e uma coloração avermelhada, em tom escuro, e se move inexplicavelmente rápido. Nós, terráqueos, quase não o vimos. O objeto se aproximou do Sol, deu uma volta e retornou ao espaço interestelar logo em seguida. Os astrônomos só o descobriram quando ele passou perto da Terra em seu caminho rumo ao lado externo do Sistema Solar.

Sua origem e formação se tornou uma controvérsia entre os astrônomos. Parecia um cometa, mas com uma órbita incomum. Mas também poderia ser um asteroide; afinal, não tinha uma cauda como outros cometas. Alguns sugeriram que o objeto . Poderia ser, de fato, algo totalmente único, vindo de outro lugar da galáxia para obrigar os cientistas a criar uma categoria de objeto cósmico inteiramente nova. O nome Oumuamua, em havaiano, significa “mensageiro do passado distante”.

Durante os anos seguintes, alguns cientistas publicaram pesquisas respeitáveis sobre o que poderia ser o visitante interestelar. Que ele veio de muito longe, é uma certeza. Mas onde ele se formou? De qual sistema estelar ele fazia parte? Do que ele é feito? E como veio parar aqui? Bem, alguns estudos forneceram pequenas pistas, mas nada além disso. Não é possível responder as perguntas acima apenas com base no que pudemos observar do objeto, e não tivemos tempo o suficiente para coletar mais dados — em 2018 ele estava a uma velocidade aproximada de 112 mil km/h.

Entre as pistas que os cientistas puderam apresentar, estavam as evidências de que o Oumuamua é . Os pesquisadores puderam detectá-lo por meio da espectroscopia, que analisa a luz sendo refletida a partir de sua superfície e dividida em comprimentos de onda. Ao analisar essas medidas, os cientistas descobrem a composição do objeto.

Uma das características mais curiosas, contudo, era a excentricidade do objeto, ou seja, o formado de sua trajetória orbital. Uma excentricidade de valor 0 significa que a órbita é perfeitamente circular, enquanto excentricidade igual a 1 significa uma órbita parabólica. Valores entre 0 e 1 representam elipses, e valores acima de 1 nos revelam órbitas hiperbólicas. Para citar um exemplo, a excentricidade da órbita da Terra varia entre 0 e 0,06 por cada 100 mil anos, então podemos dizer que nossa órbita costuma ser elíptica.

Astrônomos já haviam visto alguns objetos com excentricidades acima de 1, mas apenas com valores como 1,0001, por exemplo — nunca mais que isso. Um exemplo foi um objeto que foi arremessado para fora do Sistema Solar através de um “chute” gravitacional de Júpiter. Esse objeto ganhou uma excentricidade de 1,06, que é o necessário para escapar da gravidade do Sol. Só que, quando um objeto como este chega ao espaço interestelar, ou seja, deixa o Sistema Solar, ele terá apenas uma velocidade de aproximadamente 1 km/s, ou menos.

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